domingo, 23 de junho de 2019

Sobre a impessoalidade (e a pessoalidade) do verbo "haver"


Professor como saber se o verbo haver tem o sentido de 'ocorrer” e “existir” que nesse caso ele é impessoal e quando ele não tem o sentido de 'ocorrer” e “existir” que ele não é impessoal.

Rodrigo Sampaio
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       Alô, Rodrigo!

O contexto é que mostra em qual sentido esse verbo está usado e, consequentemente, se o seu emprego é pessoal ou não. As acepções em que há sujeito vinculam-se à ideia de “ter” (obter) ou “experimentar” (lembre-se  de que é possível substituir o verbo “ter” por “haver” nos chamados tempos compostos). Dois exemplos do emprego pessoal: “Ninguém houve notícias da prisão do traficante”; “Os meninos houveram muito medo de entrar na caverna”. São construções raras e praticamente abolidas do registro coloquial, em que há larga prevalência do verbo “ter”.
“Haver” também é pessoal quando vem acompanhado de pronome (parte integrante do verbo); nesse caso, tem os sentidos de “portar-se,” “prestar contas”, “lidar”. Confira os respectivos exemplos: “Joaquim se houve bem no encontro social”; “Por não respeitar o regimento, vai-se haver com o diretor”; “É ruim ter que se haver com pessoas  temperamentais”.
A impessoalidade (ausência de sujeito) se dá quando esse verbo tem o sentido de “existir”, “ocorrer”, ou indica tempo decorrido.  Exemplos: “Há pessoas que não merecem o nosso respeito”; “Não haverá torneios na próxima estação”; “Há dias que ele não visita os pais”. Escrevi no plural os objetos diretos (pessoas, torneios, dias) a fim de chamar a atenção para a invariabilidade da flexão dos verbos, que ficam no singular por um motivo  óbvio: se não há sujeito, eles não têm com quem (ou com o quê) concordar.