Tenho lido críticas a essa
construção com base em que o indivíduo que se submete à prova para a detecção
do vírus “não testa”, “é testado”. O correto seria então dizer algo como “o
teste a que o indivíduo se submeteu deu positivo”.
Os que
alegam isso esquecem que um dos sinônimos de “testar” é “atestar”, ou seja,
comprovar através de testemunho ou de procedimento técnico. Em “testar positivo”
o que se afirma, por aférese (supressão da sílaba inicial) é “(a)testar
positivo”.
Caso essa explicação não convença (a mim
satisfaz), lembro que são comuns em Português construções ativas com sentido
passivo. Esse tipo de mudança tem um nome, enálage, que é a alteração de categoria
gramatical (modo, tempo, flexão etc.).
Por enálage é possível, como observa Zélio
dos Santos Jota em seu Dicionário de Linguística, “haver passividade sem que
haja voz passiva, e vice-versa”. “Testar” com o sentido de “ser testado” não foge
à índole da língua.
Diante disso, não há por que considerar
erro a afirmação de que alguém “testou positivo” para o coronavírus.