"A mãe bateu na filha porque estava BÊBADA.” Quem estava
bêbada? Esse é um caso de ambiguidade?
Hégina Lima
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Alô, Hégina.
Nessa frase ocorre elipse do sujeito da segunda oração. A elipse, sendo a omissão de um termo facilmente subentendido, promove em alguns casos a coesão textual sem que se precise fazer referência ao elemento mencionado.
Nessa frase ocorre elipse do sujeito da segunda oração. A elipse, sendo a omissão de um termo facilmente subentendido, promove em alguns casos a coesão textual sem que se precise fazer referência ao elemento mencionado.
Se digo, por exemplo, “Maria acabou o
namoro com João porque era intolerante”, não há como interpretar que o
intolerante era João. Caso eu pretendesse dizer isso, marcaria o novo referente
(com um pronome, por exemplo): “Maria acabou o namoro João porque ele era
intolerante.” Na sua frase “a mãe” figura, por elipse, como sujeito do verbo
“estar” – e nesse caso não haveria ambiguidade.
Há no entanto quem veja diferente e
ache que, justamente por constituir uma “lacuna”, a elipse dá margem a mais de
uma interpretação. O contexto e o sentido da frase têm influência nisso. O senso
comum, bem como a situação descrita, nos faz pensar que a filha e não a mãe é
quem tinha “enchido a cara”.
Diante disso, o melhor é marcar o
sujeito da oração seguinte. Com o pronome “ela”, por exemplo: “A mãe bateu na
filha porque ela estava bêbada.” Mas veja que, diferentemente da frase anterior
(sobre “Maria” e “João”, que é masculino), o pronome “ela” pode instaurar ambiguidade
(“ela” quem?). Como nunca é demais ser claro, o melhor então seria retomar “a
filha” por meio de um hiperônimo: “A mãe bateu na filha porque a garota estava
bêbada”. Abraço.
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